Confissão de uma pessoa empática

14/03/2017

Certa vez, em uma entrevista de estágio, me pediram para citar uma qualidade minha. A primeira coisa que pensei em dizer é que sou uma pessoa extremamente empática. Desde muito nova, aprendi a me colocar no lugar do outro e não parei mais. Dito isso, acho que causei uma boa impressão, quem não contraria alguém que sabe entender as pessoas que estão ao seu redor?

Depois disso, minha entrevistadora pediu para eu falasse um defeito meu, o mais grave de todos. Hesitei, mas depois de muito pensar só um aspecto passava pela minha cabeça: sou uma pessoa extremamente empática.

Como uma característica é defeito e qualidade ao mesmo tempo?

A empatia, tão bem descrita pela Wikipédia como sendo a junção três componentes: afetivo, cognitivo e reguladores de emoções, no geral, acabam ocasionando uma sensibilidade maior nas pessoas que a possuem. É exatamente aí que mora o perigo.

Seria bem mais fácil lidar com os problemas enxergando apenas o seu lado da situação, não falo sobre ser egoísta, claro, mas falo sobre preservar suas emoções e sua saúde mental em primeiro lugar, entende? Aquela velha tecla sobre amor próprio que todo mundo bate, mas ninguém acerta fazer. É difícil ter amor próprio quando a sensibilidade quanto aos sentimentos do outro é o que te rege. Isso sem contar na facilidade que a pessoa empática tem de absorver energias ruins e pesadas. Penso que seria bom não perder todo o meu dia, por causa de alguém que não acordou de bom humor.

Ninguém escolhe ser empático com o mundo que te rodeia. Mas fato é que, em meio a um mundo desconexo de emoções, no qual todo mundo só se preocupa com si, conseguir sentir por você e pelos outros é um privilégio. Pensado isso, decidi que minha empatia é qualidade e não defeito. Olhei para a entrevistadora e respondi confiante: "Sou perfeccionista!" Afinal, isso nem é um defeito de verdade.

Não fui contratada. Ninguém da minha turma foi. Que tipo de gerente não é capaz de olhar para nós e enxergar tudo que tenhamos a oferecer? Poderia ter ficado com raiva, mas optei por acreditar que a moça não estava em um dia bom, coitada, estava com uma cara péssima. Ao invés de falar mal dela mentalmente, apenas desejei que as coisas melhorassem na sua vida, é isso que a empatia faz. É, sem dúvidas, é uma qualidade.  

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